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Convite: Morin na Bienal do Livro

Vou mediar a mesa sobre a “estrela nômade” na Bienal do Livro de São Paulo. Quero dizer, Izabel Petraglia e Edgar de Assis Carvalho comentarão a relação entre vida e obra de Edgar Morin e eu estarei junto.  Será na quarta-feira, 15 de agosto, às 20h, no Salão de Ideias. Aguardo os amigos!

Lançamento de Edgar Morin.

A bienal vai até 19 de agosto. Ouvi dizer que, além dos livros eletrônicos, várias editoras apostam neste ano no segmento de jogos como apelo ao público. Talvez haja jogos para comprar, portanto; sei bem que há romances baseados em jogos eletrônicos.

Muita gente que não desenvolveu o hábito da leitura diz que o jogo eletrônico é a literatura (ou o cinema) do jovem contemporâneo. São coisas diferentes, é claro. Será que Morin, que tanto analisou a cultura “pop” em seus livros de influência mundial, ficou surpreso ao perder o prêmio Príncipe de Astúrias, na categoria comunicação, para Shigeru Miyamoto, criador dos “Mario Bros”? Os especialistas dirão se isso é um “caminho da esperança” ou nos levará “rumo ao abismo“.

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(Saldão) Bienal do Livro

Dá-lhe, jogo eletrônico! Esses livros digitais andam mesmo deixando a desejar.

Visitei a Bienal do Livro do Rio de Janeiro na segunda-feira, 5 de setembro, disposto a alternar as personas de escritor, repórter e editor, dependendo de quem eu encontrasse. Mas só na abertura, na semana anterior, adiantaria fazer pose de profissional. Em todos os outros dias, os estandes estão interessados mesmo em vender lançamentos e, principalmente, encalhes.

Explico melhor: interessado no tema “livro digital”, tão logo abriu-se o evento corri ao espaço “Bienal Digital”, tencionando aproveitar que a criançada das caravanas escolares ainda não lotava essa seção. A “Bienal Digital” era na verdade um mostruário de computadores em forma de tablete vendidos por uma grande loja da Internet.

Dos quatro modelos disponíveis apenas um tinha sido carregado com um arquivo no formato que se costuma chamar de livro digital, isto é, que a gente lê em tela cheia no tabletinho, passa a página deslizando o dedo pela tela sensível etc. O demonstrador de outro modelo deu um jeitinho e mostrou-me um arquivo em formato “pdf”, que estamos acostumados a ver em qualquer computador, como se fosse novidade (não deixava de ser livro em formato eletrônico, é verdade). Os outros aparelhos estavam lá para a garotada jogar e acessar e-mail.

Não que eu não tenha escolhido um bom dia para profissionais: o colóquio internacional “E-books e a democratização do acesso” começou nesse dia, com uma interessante confirmação de alguns prognósticos que traumatizam qualquer um com mais de vinte anos. “Diminui progressivamente o apego ao livro de papel”, constata a pesquisa da empresa alemã GfK; “nós bibliotecários achamos um bom negócio pagar o mesmo preço por um livro virtual que, como o físico, não pode ser copiado e só pode ser emprestado a uma pessoa por vez”, diz Daniel Frank, diretor da Biblioteca Pública de Colônia; “precisamos ver se estamos utilizando bem as funções do computador nessa conversão”, questiona a pesquisadora francesa Claire Nguyen.

Ninguém afirma com segurança que os formatos atuais de livro digital não terão o mesmo fim do VHS e do disco de vinil. Senti-me evidentemente um homem arcaico ao entoar internamente, amedrontado, o mantra “o papelismo é um humanismo”.

Como consumidor, aproveitei alguma promoção e ouvi diversos escritores independentes, que eram a maioria dos raros profissionais do ramo disponíveis e motivados, tentando ganhar reconhecimento (e quem sabe alguma venda). A eles a garotada, massa majoritária dos frequentadores, não dava muita atenção. Saí pensando que feiras que misturam profissionais e grande público são uma festa do grande público. Se servir de estímulo aos jovens leitores, isso não é mau.

O tipo de coisa que você não vai ver à porta da bienal paulistana.