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Poema: Último buquê

Minha prima Andrea pede poesia e ofereço esta revisitação à ponte:

Último buquê

Grande plano tinha concebido:

Uma ponte entre nossos jardins

Anunciei por altos clarins

O teu sim, semicorrespondido

Assumi do início tua ação:

Tua base não tinha concreto

E a tua parte do projeto

Para ver não tive concessão

buqueTudo pronto; colhi um buquê

E corri pelo novo caminho

Quando primeiro fiquei sozinho

Na outra margem vi o porquê

Tua casa estava vazia

E na terra morta apodrecia

Aquele último buquê.

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Poema: Pronto

Pronto

Minha algibeira carrega pouca e cada vez menos coisa.

Vejo crescerem em volta pessoas de maiores e maiores necessidades

Carregam a cada dia mais fios e aparelhos e metem-se em máquinas

Pois isso facilita seu trabalho.

Eu trago apenas um lápis e este papel

Caso lhes queira comunicar informações efêmeras.

*

Esse poema parece casar-se bem com o texto da Soraia.

É de meu engavetado livro EF. Eu o considerava inacabado (o que contrasta um pouco com o título, é verdade). Mas os versinhos que queriam vir depois, como os aparelhos que sobrecarregam a hopla cotidiana, pareciam demasiados.

Outra ironia está no fato de que, diferentemente de poetas como Joaquim E. Oliveira (que publica fotos de cadernetas com os originais de sua poesia), tenho trabalhado pouco no papel. O poema acima nasceu anos atrás no computador, nunca teve um rascunho em bloquinho ou agenda.

Foto: Joaquim E. Oliveira
Não foi assim que eu fiz.